Gilsons | Pra Gente Acordar

Marília Feix

19 de mar.

Atualizado: há 4 dias

Foi na infância que os músicos José (filho), João e Fran (netos) do aclamado cantor e compositor Gilberto Gil iniciaram suas primeiras brincadeiras sonoras. O trio se reuniu profissionalmente pela primeira vez ao integrar a banda Sinara, com a qual lançou o álbum Menos é Mais (2017).

Com o desejo de criar um projeto que trouxesse referências de gêneros como samba, ijexá, rap, funk e pop, os meninos apresentaram a proposta à sua família, e a cantora e apresentadora Preta Gil, mãe de Fran, sugeriu que eles se chamassem Gilsons. Nascia uma banda que iria conquistar multidões por todo o Brasil.

Com o seu primeiro EP, Várias Queixas (2019), o trio já chegou às milhões de execuçãoes nas platadormas de streaming, mas foi após arrefecimento da pandemia da Covid-19, que lançaram seu álbum de estreia, Pra Gente Acordar (2022).

Pouco antes de um show de despedida da turnê de seu primeiro disco, que aconteceu no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, o músico e compositor Fran Gil conversou com o Lampeja Música. Leia a seguir.

Na foto: José, João e Fran Gil | Foto: Divulgação/Gilsons

O primeiro EP de vocês, Várias Queixas, foi um sucesso instantâneo. Como chegaram a uma sonoridade tão pop e genuína?

Eu, o José e o João nos reunimos para abrir nossos repertórios e pensar em um formato de show, em um projeto que misturava vários artistas. Eu criei uma harmonia para "Várias Queixas", já que na composição original do Olodum não havia, e o José compôs "Love Love". Em seguida decidimos gravar essas músicas em estúdio. A sonoridade surgiu de forma espontânea, pois tem a ver com o que estávamos ouvindo à época. É uma mistura de gêneros afro-baianos com violão de nylon, tambores, programações eletrônicas e timbres. Acho que é isso que traz uma carga pop à nossa música. Não pensamos que seria assim, mas ficamos felizes por isso.

Os clipes e o filme do álbum Pra Gente Acordar têm uma estética que contextualiza a musicalidade de vocês. Como essa proposta foi pensada?

O Pedro Alvarenga dirigiu todos os nossos projetos audiovisuais, tirando os que foram produzidos pelos artistas que participaram do álbum, claro. O Pedro é meu grande amigo de infância e nos ajudou a idealizar nossa estética cenográfica, pois temos um diálogo muito construtivo. Acho que em todos os nossos clipes circulam sentimentos de esperança e de amor, com sutileza e profundidade. Somos uma banda familiar, mas também falamos do amor romântico e da amizade entre diferentes gerações. O filme Pra Gente Acordar (2021) abre com uma poesia linda do meu avô, que é um trecho da música "Prece", [do álbum Ok Ok Ok (2018), de Gilberto Gil]:

"Rezarei por ti todos os dias

Todos os dias rezarás por mim

Num pacto de orações e de energias

Que os nossos corações fazem entre si

Aos santos, aos iogues e orixás

Rogaremos os cuidados e a atenção

As preces que eu farei, que tu farás

Nos trarão luz e paz

Nos unirão..."

Vocês três têm projetos paralelos à banda. A ideia a partir de agora é continuar com o Gilsons? Pensam em um segundo álbum?

Pois é, para fazer o primeiro disco nós tivemos a vida inteira. Têm ideias que surgiram até mesmo na nossa adolescência. Agora para este segundo álbum o tempo é diferente. A gente colhe outras coisas, adquire experiência, tanto em termos de composição, quanto de lançamento. As nossas músicas têm uma dinâmica que se difere da lógica do mercado e acho que esse é um dos nossos maiores privilégios. Isso tira um pouco do peso e da necessidade de lançar novidades o tempo todo. Eu vejo essa demanda como algo prejudicial, até mesmo para os artistas mais frutíferos. Adoraria que todo mundo tivesse o tempo como um aliado para suas criações e que as recompensas fossem crescendo de forma natural.

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Fran Gil também participou do programa Lampeja Música, que foi ao ar na FM Cultura e na Rádio MEC, com a história da faixa "Vem de Lá". Ouça aqui: